quarta-feira, 7 de setembro de 2011

(Insônia febria - parte final)

Sabrina sentiu seu corpo ferver, era raiva, era ciúme, era algo que não conseguia distinguir.
-Por que você entra no meu quarto desse jeito?
-Esse quarto não é seu! Seu quarto não é assim, além do mais esse quarto fica na casa dos meus pais.
-Você deve estar delirando Sabrina, na verdade, esse quarto é meu e de Sarah.
Sabrina olhou para Sarah com inveja e desprezo.
- Por que você está com a minha menina?
-Ela não é sua menina, é minha namorada. – Respondeu Sarah.
Sabrina sentiu sua cabeça doer e estava confusa. Lembrou que Fernanda não era mais sua namorada e que essa decisão partira dela mesma, se Fernanda e ela não estavam juntas era por sua própria culpa.
Fernanda levantou da cama e pedindo licença à Sarah levou Sabrina para o canto do quarto, próximo à porta.
- Você, Sabrina, me quis assim, me quis com outra, mas também me queria com você. Você quis o Pedro, quis por conveniência, quis porque sua família queria e você foi tola, medrosa, sem atitude. Você sabe que te amo e que estou tentando mudar minha vida, também quero ser amada, quero amar de novo, quero me sentir em paz e feliz com alguém que realmente me aceite.
-Mas eu te amo!
-De que adianta me amar? Você vai se casar com ele!
Sabrina ficou sem resposta.
-É tarde, estou com a Sarah. -Falou Fernanda.
Sabrina desabou aos pés de Fernanda e chorava feito uma criança.
-Levante-se! Não me faça sentir que ainda te amo, mas também não me faça sentir pena, não posso ficar com você, pois só me faz sofrer.
Sarah ficava apenas observando de longe, não queria se meter na conversa das duas, pois sabia que apesar de estarem separadas, Fernanda e Sabrina tinham algo inacabado, uma conversa era bem vinda, mas sabia que aquilo tinha que ter um limite.
-Fernanda, volta para cama, diga a sua amiga que é tarde, que ela precisa ir. – Disse Sarah.
-Sabrina, é melhor que você vá, acho que não temos mais nada para conversar, o que existia entre nós passou, entende, por favor. Estou com a Sarah.
Sabrina, nervosa, levantou e foi até o beliche.
- Sabrina, pára! – gritou Fernanda.
- O que você quer? Você não a escutou? Ela está comigo agora. Deixa a gente ser feliz!
Sabrina já não controlava seus atos. Chorosa e com as mãos tremendo, foi para cima de Sarah querendo tapeá-la.
-De que adianta? Você me bate, mas continua sem a Fernanda. Ela é minha agora, é minha. Você não vê? Não vê que ela quer estar comigo? Não vê que nessa cama somos uma, que nosso sexo se une, que nosso amor se constrói. Você teve a chance e a desperdiçou. Estou falando mentira? Ela quer ser feliz. Pára de achar que ela estará sempre a sua disposição, o amor não é assim, não acontece somente quando você quer, é algo que você aceita, você vive, você se permite.
Sabrina sabia que tudo aquilo que ouvia era verdade, mas sentia raiva, mesmo que dela mesma, não sabia o que fazer, sabia que Sarah falava algo que não queria ouvir e que Fernanda ainda lhe consumia uma grande parte dos pensamentos, dos seus sentimentos e que queria estar com ela naquele beliche, vivendo aquele amor, mesmo que ainda não fosse pleno, mas que tinha chances de dar certo, já que Sarah e Fernanda queriam. Por que ela não conseguia ser como Sarah, decidida, sem medo, alguém que parecia saber o que queria da vida, alguém que se aceitava? Ao levantar a mão para bater em Sarah, Sabrina escutou ao longe uma música bonita que não sabia de onde vinha, mas aquilo fazia com que ela enfraquecesse. A voz daquela cantora soava triste que ela caiu em prantos e, como um pesadelo se viu de volta à cama, suada e embrulhada em um lençol marfim. Olhou no relógio do celular, eram três e meia. Ela havia sonhado. Àquela hora o vôo de Fernanda já haveria saído e Sabrina estava com Pedro. Empurrou-o de leve de perto dela e apertado o coração, adormeceu.

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